Tudo o que tenho
Tudo o que tenho
Trago comigo apenas meu barquinho
sem remo ou vela,
no rio caudaloso do futuro
apenas fluo,
e evito pensar nas corredeiras,
mas penso,
reparto-me então,
tal como se cada verso escrito
necessitasse de uma assembleia interna,
em marés agitadas fica fácil
perceber o meu fracasso,
nunca fui bom em decifrar presságios,
estranho rio misterioso
gelado e profundo,
onde tudo que eu toco parece comigo,
onde tudo parece meu
maré, vento, chuva
os peixes e as outras criaturas
apenas eu.
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