DNA da esperança

Não sou cão que corre incansável atrás do coelho

Tudo o que produzo vem do coração para registro, vou

Muitos ficaram no caminho, então, sozinho, caminho sou

O trabalho mais custoso carreguei, sem ter apoio ou conselho


Vi toda estrutura se mover para fazer do passo relaxado galope

Sem cavalo para competir corre descalça minha sorte

Fora do circuito, sem plateia, difamada, corre só

Corre para não ser linchada, corre da dar dó, sem ter norte


Sempre correndo, sempre apressada, pandorga

Cai, levanta, desengonçada, moleirona

Sem nunca ter sequer um momento de sossego

Sem poder admirar a paisagem, a estrada, a esperança tem pressa e não tem roga


Se ao menos o fizesse por esporte ou como hobbie

Talvez assim algum olhar soberano se compadecesse com os teus gritos

Talvez por excesso tenha sido desqualificada da piedade alheia

E a esperança desprevenida espera a sua vez de cair e se machucar na areia


Para depois reivindicar o direito de levantar e seguir em frente

Não se rende, nem se lamenta, nem se abate

Ela sabe que o seu valor não depende de aplauso ou sorte

Sem saber que só pelo esforço já venceria qualquer combate


É também muito mais nobre, pois luta para ser um mundo melhor e mais forte

A esperança precisa sobreviver e para isso mesmo que a tirem tudo, a esperança, mesmo que crivada

Exala de seu interior o frescor de que a alma irriga, segue sua sina conhecida, rumo ao terceiro dia

A esperança é a terra, e por isso sua raiz contraditória que levanta, para cair em seguida,

Fazendo o impossível para melhorar que seja uma virgula, incansável na luta pela vida




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