Um ponto preto
Um ponto preto
Procurando no vazio, às vezes me perco
Divagando sobre a terra coberta por cimento
Com tudo nela amontoado, sem espaço ou alento
Sensação de que não sou meu, e sim dela, um mero eco
Mas ter tudo por aqui é perigoso, um jogo de azar
Então proteja seus sentimentos, não se deixe enganar
Pois nessa selva de pedra, há predadores à espreita
E se você não se cuida, pode virar a presa feita
Adiante caminhando, me confronto com o espelho
Sobre uma máscara vazia, há algo em mim que se esconde
E sempre foge do meu encontro, uma porta trancada e sem conselho
Com uma placa que diz: "Não perturbe, infeliz, não responda"
Tanto tempo respeitei os sinais, as leis, os caprichos
E tudo que fiz foi feito por mim, sem ter escolha ou direitos
Me submeti, revirei-me do avesso, abri a porta e me permiti
Ver o que havia por dentro de mim, o que me fazia ser eu mesmo
E tudo que eu tinha foi sugado pelo vácuo de pessoas vazias
Concentradas em si mesmas, para que eu me despedaçasse e esfarelasse
Uma explosão supernova brilha em colapso, tudo pulverizado na imensidão da cidade
Que não se importa com a minha dor, nem com a minha verdade
Que cada um aceite a minha parte, contribuo com o que tenho e o que faço
Aos felizes um sorriso e aos tristes um abraço, cadeira, mesa, cerveja, um tempo pro cansaço
Até que a energia se dissipe e o sistema entre em novamente colapso
E eu possa finalmente descansar, livre da pressão e do fracasso.
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